Sem acordo, greve nos Correios continua

24/09/2009 15:12

    A audiência de conciliação entre a diretoria dos Correios e sincalistas, realizada nesta quinta-feira (24), no Tribunal Superior do Trabalho (TST), terminou sem acordo para o fim da greve da categoria, iniciada no último dia 16.

    Após o fracasso na tentativa de negociação, o ministro instrutor do caso, João Oreste Dalazen, definiu que a divergência será resolvida em julgamento a ser realizado pela Seção Especializada de Dissídios Coletivos do TST.

    Durante a audiência de quase quatro horas no TST, os dirigentes da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) chegaram a cogitar a aceitação de uma nova proposta apresentada pelos Correios, mas recuaram ao final, o que levará o caso a julgamento.

    Após a recusa por parte dos sindicalistas da proposta inicial de 9% de reajuste, além de aumento linear de R$ 100, ambos retroativos a agosto, e com vigência de dois anos, a diretoria dos Correios apresentou uma nova proposta sugerida pelo ministro instrutor.

    O acordo previa aumento de 4,5%, com vigência de um ano, os R$ 100 de reajuste (condicionado a dois anos sem novos aumentos) e o incremento nos valores de benefícios como o auxílio-creche, valealimentação e vale-cesta, nas mesmas quantias já apresentados.

    Essa preferência por apenas 4,5% foi defendida pelos próprios sindicalistas, pois a proposta inicial de 9% impediria a categoria de voltar a negociar as perdas ocasionadas pela inflação em 2010. Os sindicalistas, porém, não se mostraram satisfeitos com a condição de o reajuste linear de R$ 100 estar condicionado ao comprometimento dos sindicatos em não pedirem qualquer aumento salarial acima das perdas ocasionadas pela inflação no ano que vem.

    Após as tentativas de acordo, os dirigentes sindicais insistiram para que o ministro os deixassem consultar os trabalhadores em assembleia antes de uma resposta final. O pedido não foi aceito e, não havendo o acordo, não restou opção senão levar o caso para julgamento.

Divisão

    Desde o começo do julgamento, ficou evidente que os próprios representantes dos trabalhadores dos Correios estavam divididos. Uma parte dos sindicatos defendia a aprovação da proposta, enquanto outra não aceitava acordo.

    "As lideranças sindicais estão divididas e, por conta disso, essas lideranças poderão por a perder algumas das reivindicações. A postura da empresa está sendo séria e flexível. Os trabalhadores sequer se posicionam. Estou fazendo uma concessão democrática, liberal. Mas terei de levar o caso a julgamento", disse o ministro.

    "Os senhores têm uma posição invejável e praticamente sem parâmetro na iniciativa privada. Há limite para esticar a corda. A sociedade brasileira não pode ficar refém de uma atividade essencial. O monopólio [dos Correios] requer bom senso [dos trabalhadores]", acrescentou João Oreste Dalazen.

    Na última segunda-feira (21), Dalazen havia negado pedido dos Correios para que a greve da categoria fosse considerada abusiva e, dessa forma, acabasse suspensa. Em sua decisão, o ministro, porém, atendeu a solicitação da direção da empresa ao determinar que todas as unidades dos Correios mantenham um percentual mínimo de 30% de funcionários, sob pena de multa diária de R$ 50 mil para os sindicatos.

    De acordo com os Correios, dez sindicatos já decidiram pelo retorno ao trabalho. Até o momento, segundo a empresa, os serviços nos estados da Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte estão normalizados, assim como nas cidades de Juiz de Fora (MG), Santa Maria (RS) e nos municípios paulistas de Bauru, Ribeirão Preto e Santos. Os Correios informam que o sindicato de Uberaba (MG) não aderiu ao movimento e o de Roraima tem apenas sete empregados em greve.

 

 


Autor: Diego Abreu Do G1, em Brasília

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Comentários

Data: 25/09/2009

De: Pedro San www.cogumelando.com.br

Assunto: Greve

Isso vai ferrar o pessoal que tem que mandar as coisas de cota por carta registrada. Mas eles merecem entrar em greve sim, não é a toa. As condições de trabalho não são salubres!

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